sábado, 3 de dezembro de 2016

TE AMO, DONA ILAÍDES

Me cansei e preferi me poupar, vos poupar, de textões por algum tempo, mas, hoje, é necessário por compromisso com a gratidão. Desde a tarde, com a primeira aparição, até agora, após dezenas de repetições, me emocionei em todas as oportunidades que tive de assistir a esta cena. Sei que poucos vão ler, mas vale o desabafo.

Não, não tinha nenhum laço familiar ou de amizade com as vítimas da tragédia de terça-feira. Há apenas admiração pelas pessoas e pelos profissionais. Como já postei aqui, tive o prazer e honra de estar por poucas horas com uma delas, PJ Clement, que me presenteou com uma rápida conversa, há alguns anos. Jamais esquecerei. Antes, em 2010, descobri a paixão de Guilherme Van der Laars pelo Botafogo ao encontrá-lo no Maracanã, vestido à paisana, mas em meio à torcida alvinegra vibrando com os gols da semifinal da Taça Rio daquele ano contra o Fluminense. Eu nem sabia que entraria para o jornalismo, mas já o admirava. A tragédia foi tão absurda que mal conseguimos conceber a morte de um dos maiores jogadores que o país já teve, Mario Sérgio.
Embora fosse anônimo a todas essas pessoas que estavam no voo, desde terça me impressiono com as imagens, a garganta dá um nó e o sentimento que vem é como se fossem de minha família. Confesso que foi até difícil dormir nestes dias.

Desde jornalistas experientes caindo no choro até um estádio e ruas ao seu redor lotados. Reações geradas em todo o mundo. Tudo reflexo da comoção e da solidariedade que tomaram conta e uniram duas nações, em especial. Este incidente, fatalidade ou não, nos traz de volta um pouco de esperança de que a humanidade ainda tem jeito, de que podemos viver intensamente, amando o próximo e, o principal, demonstrando este carinho todos os dias. Não sabemos quando não poderemos mais fazer isto.

Eis que após dias com o coração apertado, sem ter motivação nem para escrever sobre isso, conheci, mesmo que a distância, a dona Ilaídes. Uma guerreira, que, poucos dias depois de perder o filho, não poupou esforços para tentar amenizar a dor de quem em frente às câmeras deve demonstrar ser inabalável. Ninguém é. Todos nós nos sentimos, de certa forma, confortados ao ver esta atitude. Dona Ilaídes deveria se tornar, oficialmente, “a mãe dos jornalistas”. “foram vocês que fizeram a carreira daqueles meninos”, ”que fizeram esta imagem bonita”, “que falavam deles com carinho”. Estas frases acabaram comigo. Difícil segurar as lágrimas.

Obrigado, dona Ilaídes. Seu carinho ajudou a aliviar a dor, a tristeza de quem perdeu parentes, amigos e referências, principalmente, jornalistas. Esse abraço foi recebido por todos os brasileiros. Gostaria muito de estar no lugar do repórter Guido Nunes e poder retribuir o abraço. Que Deus te abençoe. Desejo muita força amanhã, na despedida final.

Ah, e antes que me esqueça, te amo.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Petrópolis pode ser “A cidade mais solidária do mundo”

Votação aberta ao público é promovida pela ONG Turma do Bem, que está em mais de 10 países


Petrópolis poderá ser eleita a cidade mais solidária do mundo, no próximo dia 07 de novembro. A ONG Turma do Bem (TdB), responsável pelo programa Dentista do Bem, promove uma votação aberta ao público para descobrir qual a cidade mais engajada na construção de um mundo com mais sorrisos. A votação começou no dia 22 de setembro e termina na próxima sexta-feira (6).
Para votar, basta acessar o site tv.tdb.org.br, clicar em “Voto Popular” e escolher o coordenador regional da cidade de Petrópolis. Representam o município os dentistas Gustavo Holderbaun e Ana Caroline Amaral. O público vai conhecer o resultado da votação ao vivo, no sábado (7), a partir das 21h, através da TV TdB.

 “A maioria dos pacientes que atendemos são aqueles que realmente não possuem acesso a tratamento, com muitas dores e com vergonha até de se comunicar”, dentista Ana Caroline Amaral

O Dentista do Bem é o principal projeto da Organização Não-Governamental (ONG) Turma do Bem (TdB) e conta com o trabalho voluntário de cirurgiões-dentistas que atendem em seus próprios consultórios crianças e jovens de baixa renda entre 11 e 17 anos, proporcionando-lhes tratamento odontológico gratuito até que completem 18 anos. Atualmente, é a maior rede de voluntariado especializado do mundo.


Os pacientes são selecionados por grau de necessidade, o que é determinado por uma triagem realizada em escolas da rede pública ou instituição social. Jovens e crianças com problemas bucais graves, os mais carentes e próximos do primeiro emprego têm prioridade no atendimento.
O tratamento, realizado no consultório do próprio dentista voluntário, é de caráter curativo, preventivo e educativo. O Projeto Dentista do Bem conta com voluntários espalhados por todo o Brasil – nos 26 estados e Distrito Federal – e mais 13 países. O escritório da TdB faz a ligação entre todos os envolvidos no projeto (o jovem beneficiado, sua família, a escola, o cirurgião-dentista voluntário) e ainda o acompanhamento dos atendimentos.



Profissionais coordenam o projeto em Petrópolis

Os dentistas Gustavo Holderbaun e Ana Caroline Amaral são os coordenadores do projeto em Petrópolis. Gustavo contou que o Dentista do Bem iniciou há cerca de 13 anos, em São Paulo, com um profissional de odontologia que fazia palestras em escolas públicas e sentiu a necessidade muito grande que crianças tinham de receber tratamentos, e começou a atender algumas delas em seu próprio consultório. O dentista promoveu a ação com colegas e muitos começaram a repetir a atitude.
Em Petrópolis, são 32 dentistas fazendo o atendimento voluntário de crianças carentes nas próprias clínicas. Gustavo informou que, desde 2009, o projeto já realizou o atendimento de cerca de 500 crianças carentes. O interesse surgiu ainda durante sua graduação.

- Desde a época da faculdade, já conhecia a ONG e sempre quis fazer parte. Assim que montei meu consultório, participei de um congresso no Rio de Janeiro, encontrei com responsáveis pelo projeto e me cadastrei como coordenador. São 32 dentistas voluntários e estou completando três anos à frente da coordenação na cidade – contou Gustavo.

Para Ana Caroline, que é sócia de Gustavo, estes trabalhos têm sido importantes para atender quem não tem condições de procurar um tratamento completo e satisfatório.

- Esta ação é muito importante, pois esses adolescentes não possuem acesso a tratamento dentário e conseguem realizar estes procedimentos gratuitamente, principalmente os que estão próximo de entrar no mercado de trabalho, para que eles consigam ter acesso ao primeiro emprego. Muitas dessas crianças são encontradas em situação de saúde bocal precária – disse.

“Nós damos tratamento completo, aproveitando a especialidade de cada voluntário para atender às necessidades de cada paciente”, dentista Gustavo Holderbaun

O procedimento para inicio do processo é feito diretamente pelos coordenadores do programa. Eles conversam com diretores de escolas sobre a necessidade das crianças passarem pela triagem e, em seguida, as portas são abertas para que a equipe possa entrar nas instituições e fazer as triagens.

- Fazemos a triagem e mandamos as fichas para a central da ONG em São Paulo. Lá, selecionam quem mais precisa dos tratamentos e encaminham para os dentistas voluntários. Desta forma, o processo de escolha é totalmente sem vínculo entre a organização e os atendidos. Não temos poder de escolha sobre quais adolescentes serão tratados – comentou o dentista.

Os trabalhos realizados pela ONG em todo o mundo, inclusive pelos voluntários do Dentista do Bem, são custeados totalmente por recursos próprios, sem apoio do poder público. Está no estatuto da organização esta condição. Gustavo explicou que é um dos objetivos da Turma do Bem mostrar como os serviços similares prestados pelo governo são deficientes e não correspondem totalmente às necessidades das crianças.

- Nós damos tratamento completo, aproveitando a especialidade de cada voluntário para atender às necessidades de cada paciente. O Estado, nos trabalhos realizados em escolas, dá restauração, extração e, no máximo, limpeza – disse Gustavo.

- O Poder Público não consegue dar uma assistência totalmente satisfatória e nós tentamos mudar esta situação para que todos estes adolescentes possam ter um tratamento odontológico de qualidade. A maioria dos pacientes que atendemos são aqueles que realmente não possuem acesso a tratamento, com muitas dores e com vergonha até de se comunicar por conta do estado dos dentes – completou Ana Caroline.

Para o evento do próximo sábado, foram convidados os 400 melhores coordenadores do mundo. Estes são os que mais colocaram crianças na cadeira de dentista e que elaboraram outros projetos que elevem a solidariedade.

- Vai ser um congresso não voltado só para odontologia, mas também sobre trabalhos sociais, empreendedorismo, com palestras e as premiações – finalizou Ana Caroline.
Entre as votações, estão a que vai premiar o profissional da odontologia que mais trabalhou pela ONG, “O melhor dentista”, e a escolha popular que vai contemplar a cidade que mais se mobilizou para conquistar votos, entre 14 países, entre outras condecorações.
Os profissionais convidam todos a entrar no site, votar e colocar Petrópolis como “A Cidade mais Solidária do Mundo”.

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Tenor petropolitano é destaque na Europa


Jovem tem atuações em trabalhos consagrados da música clássica

Jeferson Marques – Especial para o jornal Diário de Petrópolis (publicado em 18 de janeiro de 2015)


O petropolitano Luperci de Souza, de 26 anos, figura como um dos destaques da música clássica na Europa. O tenor, atualmente, se apresenta para turistas de todo o mundo em um cruzeiro marítimo.
Mesmo ainda jovem, Luperci acumula muita experiência com participações em trabalhos consagrados e apresentações para grandes públicos de todo o Brasil e vários países. O tenor tem em seu currículo participação em concertos como a Nona Sinfonia de Beethoven, Requiem de Mozart, Vida Pura de Heitor Villa-Lobos e em óperas como em Die Lustigen Weiber von Windsor (“O Feliz Divórcio de Windsor”), do compositor alemão Otto Nicolai, e Turandot, do compositor italiano Giacomo Puccini.

Canarinhos de Petrópolis é porta de entrada para Luperci

Luperci de Souza começou o seu caminho na música bem cedo, aos seis anos, quando passou em um teste para o coro dos Canarinhos de Petrópolis, onde cantou por quase nove anos. Neste período, o grupo era regido pelo Frei José Luiz Prim e foi bastante requisitado para apresentações em viagens.
- Sem sombra de dúvidas, um dos melhores aprendizados musicais e pessoais da minha vida. Viajei por todo o Brasil e por quatro países da Europa em nove anos de coro – disse o tenor.
Luperci foi se interessando ainda mais pela música clássica e decidiu então buscar a graduação na Escola de Canto da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), no bairro da Lapa, na capital. A partir desta oportunidade, o tenor viu as portas para a ópera se abrirem.
- Fiquei cada vez mais interessado pela ópera, muito também pela proximidade com o maravilhoso Theatro Municipal do Rio de Janeiro – contou.



Um dos sonhos de Luperci foi realizado logo no terceiro ano de faculdade, quando passou nos testes do coro do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, casa que tanto admira.
- 90% do repertório que fazíamos era ópera e, em dois anos cantando no coro, participei de algumas produções completas – comentou o petropolitano.
Durante este tempo, Luperci dividiu residência com dois amigos, entre eles o músico Igor Nicolai, que falou sobre o petropolitano.
- Minha amizade com Luperci foi sendo construída com muita cumplicidade, porque tínhamos conceitos de vida bem próximos. Fico feliz ao ver meu amigo voando alto e colhendo os frutos que plantou no passado, e ele sabe que onde estiver vou estar sempre com energias positivas – comentou o músico.

Dificuldades fazem tenor pensar em desistir

Por questões políticas, integrantes do coro eram impedidos de se apresentar em papéis solos nas óperas do teatro, o que era um obstáculo para que pudesse dar sequência na carreira. Neste momento surgiu a oportunidade para ele e os dois amigos integrarem um projeto de coro de crianças na Ilha de Marajó, no Pará, e acabou rescindindo contrato com o Theatro Municipal, julgando ser uma ideia interessante e lucrativa.
Porém o projeto não passava de uma farsa, e ele e um amigo ficaram sem emprego.

“Sem sombra de dúvidas, um dos melhores aprendizados musicais e pessoais da minha vida”, tenor Luperci de Souza sobre os Canarinhos de Petrópolis.

Após três meses buscando uma oportunidade, Luperci conheceu Jorge Lhez, diretor musical da Universidad Católica de Salta, na Argentina, onde continuaria sua graduação.
- Estava em um ponto onde, muitas vezes, já tinha pensado em desistir de música. Este diretor me ofereceu uma vaga para continuar meus estudos nessa universidade – contou.
As dificuldades continuaram por lá. Luperci morava na casa de um padre, onde precisava ajudar nos afazeres do lar e realizar trabalhos para a igreja, além de ter que cuidar do pai do religioso, que era cego. Em meio a estas atividades, tentava aprender espanhol.
Motivado a buscar seus objetivos, o petropolitano começou então a dar aulas particulares e, em seguida, se mudou para um pequeno apartamento. Após um ano na Argentina, Luperci passou em uma audição para o Coro Del Sodre, no Uruguai. Lá, participou da gigantesca produção Turandot, do compositor italiano Giacomo Puccini.
Após dois meses cantando no coro, Luperci começou a ter que lidar com os atrasos de salário e, depois do quinto vencimento, decidiu sair do grupo.

Petropolitano ganha destaque pelo mundo

Um vídeo postado em uma rede social chamou a atenção de um amigo dos tempos de Canarinhos, o barítono e ex-professor Michel de Souza. O clipe mostrava Luperci de Souza cantando na Argentina. O amigo, que terminou seu mestrado na Royal Conservatoire of Scotland (Conservatório Real da Escócia), então, o convidou a estudar por lá. O convite foi aceito, mas o petropolitano sabia que as condições, principalmente financeiras, não eram favoráveis para tal investida. Michel então colocou Luperci em contato com um professor do conservatório, que conseguiu uma bolsa integral para ele no Associated Board of the Royal Schools of Music (Conselho Real de Escolas de Música), em Londres, que cobriria a tarifa de seu mestrado e o custeava como um estudante no Reino Unido.
- Luperci sempre foi um aluno aplicado e talentoso. Desde pequeno mostrava um grande talento e paixão pela música. Fiquei muito feliz em poder ajudar um pouco na sua vinda para Europa e de ver os resultados positivos em sua carreira. Espero que ainda cantemos juntos, por aqui (Europa) ou no Brasil – comentou Michel.
Para conseguir a bolsa, Luperci precisava passar em um teste rígido de inglês, o que o fez aprender o idioma em apenas três meses e meio.
- Acho que nunca estudei tanto em minha vida. Acordava e dormia pensando em estudar inglês. Consegui passar no teste e comprei minha passagem para a Escócia – contou o tenor.
Luperci conta também que ficou surpreso com a estrutura da escola de música onde retomaria seus estudos.
- Quando vi o conservatório pela primeira vez fiquei de “boca aberta”. Uma estrutura incomparável com qualquer outra que já tinha visto em uma escola de música – acrescentou.
O tenor logo começou a ter contato com o público britânico, participando de oratórios e galas que, além de lhe dar mais experiência, o ajudou na aclimatação com a língua inglesa. No primeiro ano, Luperci interpretou o personagem principal na ópera Die Lustigen Weiber von Windsor (O Feliz Divórcio de Windsor), do compositor e maestro alemão Otto Nicolai.
Nas férias daquele ano, foi convidado por um amigo a fazer um concerto na cidade de Les Sables-d'Olonne, na Baía de Biscaia, na França. O repertório apresentado foi constituído essencialmente por trabalhos brasileiros, como os do Maestro Claudio Santoro.
Em seu segundo ano na Escócia, o petropolitano cantou em três óperas, além dos concertos e audições em outros países. A primeira, Il ritorno d'Ulisse in patria (O retorno de Ulisses à pátria), do compositor italiano Claudio Monteverdi, onde interpretou o filho de Ulisses, Telemaco. No segundo trabalho, para ele, o mais desafiador da carreira, o papel principal na ópera La clemenza di Tito (A clemência de Tito), de Mozart.
- Seria uma música super difícil e um papel, na maioria das vezes, feito por um tenor mais velho, por necessitar mais presença vocal. Aceitei o desafio e fiquei muito contente com o resultado – comentou o petropolitano.
A última ópera na escola foi La rondine (A andorinha), do compositor italiano Giacomo Puccini, um dos compositores favoritos de Luperci. Um presente, segundo o tenor.

“Fiquei muito feliz em poder ajudar um pouco na sua vinda para Europa”, barítono Michel de Souza

Luperci de Souza cumpriu até o mês de abril um contrato com um cruzeiro marítimo, que percorre a Costa da Ásia. O tenor estrelou após este período a ópera cômica L'elisir d'amore (O Elixir do Amor), do compositor italiano Gaetano Donizetti.
- Uma das minhas óperas favoritas. Bem engraçada e incrível para um tenor. Estou bastante ansioso pra cantar esse papel – complementou Luperci.

As apresentações aconteceram entre os dias 6 e 9 de maio, na cidade de Edimburgo, capital da Escócia.

domingo, 18 de outubro de 2015

Cheguei! Forte abraço...

Ler, escrever, ouvir, falar, entender, se expressar, discutir, debater... Comunicar é realmente uma arte. Nos dias atuais, temos liberdade para criar espaços e transmitir nossos pontos de vista, ideias, pensamentos, e etc., muitas vezes, sem compromissos ou preocupações com possíveis retaliações. A internet tem esta prerrogativa. (Que novidade!). Pois bem, estou chegando ao Blogspot para colocar meus projetos, realizações

e um pouco de opinião. Ao contrário das redes sociais, aqui, quem se identificar, acompanha. Quem não, além de ter mau gosto (haha), simplesmente não segue.

Aceito sugestões!

marquesjeferson@globo.com

"Palavras são janelas ou são paredes. Elas nos condenam ou nos libertam" (BEBERMEYER, Ruth )


Forte abraço!